*PORQUE O PREÇO DO CAFÉ ESTÁ TÃO CARO?*

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Inflação climática é uma das responsáveis pela alta do preço do café.

O preço do café no varejo aumentou mais de 30% só em 2024. Para entender a alta do preço, o Fantástico foi até a região que mais produz café no Brasil. Sozinho, o estado de Minas Gerais tem mais de 50% da área plantada no país.

Minas teve um recorde de produção em 2020. Mas, na sequência, houve uma seca. E em 2021, uma geada, com baixas temperaturas, comprometendo as colheitas de 2022. No ano seguinte, melhorou. Mas em 2024, a seca vai impactar a produção do café na região. “O impacto que vai ter na safra de 2025 é muito grande, começa agora já a 30%, 35% de impacto, pelo menos. E pode piorar dependendo da situação climática”, afirma Alexandre Pedrosa, engenheiro agrônomo da Fundação Procafé.

 

A seca deste ano é a maior desde 1974 no sul de Minas. Este ano, está com 33% a menos de chuva do que a média de 50 anos na região. E isso vai impactar muito nas lavouras.

A água é muito importante para o café. As flores do café precisam de água pra crescerem e se transformam em frutos, que, por sua vez, viram os grãos do café. Mas sem água, as flores secam.

´”E nós estamos aqui rezando, pedindo a Deus de que venha chuva porque molha o chão pra que essas flores possam, de fato, virarem café”, conta Arnaldo Botriel Reis, presidente Sindicado dos produtores rurais de Varginha.

O Fantástico visitou uma lavoura com irrigação. É visível a diferença que a água faz.

O dono teve dinheiro pra irrigar só parte de suas lavouras. “A gente tinha uma safra média em torno de 35, 40 sacos por hectare. E pela falta de chuva, temperaturas muito altas, caiu a produção e a gente não está conseguindo girar o negócio nosso. Por causa disso, nós tivemos que buscar outros recursos, que é irrigação. Mas é caro. Só 5% da produção de café no Brasil é irrigada”, conta José Mauro Reis, cafeicultor.

Com altas temperaturas há também o desequilíbrio de pragas no café, como bicho mineiro e a cigarra.

E mesmo se chover agora, o preço não deve diminuir. Num cenário otimista, vai ficar mais ou menos igual. A previsão é que a safra do ano que vem também será reduzida, colaborando ainda mais com o que tem sido chamado de ‘inflação climática’.

 
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