Com parte de suas atividades presenciais suspensas desde abril de 2020, a Universidade do Estado de Mato Grosso (Unemat) discute maneiras de continuar a ofertar a graduação em 2021. De acordo com o reitor, Rodrigo Zanin, se a pandemia da Covid-19 não der trégua, a tendência é que o ensino remoto seja mantido no ano que vem.
O calendário aprovado pelo Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (Conepe), que é a instância de decisão colegiada da Unemat, para o primeiro semestre de 2021 definiu que o ensino remoto emergencial continuará até 18 de abril. Depois disso, o conselho ainda deve deliberar.
JLSIQUEIRA/ALMT
Rodrigo Zanin destaca que houve resposta rápida para oferecer ensino remoto em MT
Zanin destacou que a universidade teve uma resposta rápida frente ao início da pandemia. A implementação de sistemas digitais que possibilitam as atividades de maneira remota vinha sendo feita desde o ano passado, mas o processo teve de ser acelerado para possibilitar a entrada do semestre letivo em agosto de 2020.
“A universidade teve que se reorganizar e planejar novamente suas ações. A partir de abril suspendemos as atividades presenciais e desde então viemos nos reorganizando para retomar o ensino da graduação em agosto. Tínhamos um planejamento de implementação de sistemas que aconteceria até 2021. Adiantamos isso e, entre abril e junho, implantamos um sistema que originalmente demoraria um ano. Em julho fizemos treinamento com professores e a comunidade acadêmica, e em agosto retomamos a graduação com ensino remoto”, relatou.
“Considerando toda a situação de pandemia considero que a universidade deu resposta relativamente rápida – vale lembrar que são mais de 20 mil alunos para poder voltar a ter atividades de ensino na graduação. As atividades de pesquisa e pós-graduação nunca foram interrompidas”, destacou.
Zanin reiterou que há diferenças entre o ensino remoto que é ofertado neste momento e o Ensino a Distância (EaD), de cursos foram criados essencialmente para serem oferecidos sem a presença física. “Nossos cursos foram pesados para o ensino presencial, tivemos que reorganizar essas grades para disponibilizar disciplinas que não seriam prejudicadas pelo ensino remoto, aquelas com a parte mais teórica poderiam ser oferecidos a distância”.
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Campus da Unemat em Tangará da Serra é um dos que teve atividades remotas em 2020
Há disparidade entre os 45 municípios atendidos pela Unemat com seus 13 câmpus na infraestrutura de internet, essencial para viabilizar o ensino remoto de maneira emergencial durante a pandemia. O reitor cita ainda como exemplo da desigualdade a Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP), que disponibiliza rede de fibra ótica de alta velocidade e é utilizada por pesquisadores em todo o país. No caso de Mato Grosso, ela só até Cuiabá.
“E para os acadêmicos que tinham dificuldade de acesso à internet nós fizemos um edital emergencial, disponibilizando um chip com quantidade de 10 GB de internet para smartphone e computadores, isso para aqueles alunos que não tinham condições de ter internet em casa. Isso resolve? Não. O ensino remoto não substitui o presencial, mas ele minimiza o problema que seria o de não ofertar o ensino de graduação durante a pandemia. Com essas ações, os alunos continuam se movimentando dentro da instituição, continuam sua formação”, avaliou.
A oferta de medidas para amenizar a situação durante a pandemia ocorre em meio a possíveis contingenciamentos no orçamento da universidade. O governo entrou na Justiça e conseguiu desvincular o orçamento da Unemat, que até 2019 era obrigatoriamente de 2,5% na Lei Orçamentária Anual (LOA). Para 2021, o valor e o percentual ainda são discutidos pelos deputados com o Executivo.
“Estamos discutindo o calendário para 2021/1 que deve ter início em março, temos férias em fevereiro, e em março começamos um novo ano. Ainda não definimos e ainda não temos como saber como será em março. Estamos discutindo como vamos continuar ofertando graduação. Se a pandemia continuar, continuamos no remoto. A depender da situação, podemos oferecer mais possibilidades de internato estágios supervisionados presenciais, porque assim conseguimos controlar melhor a situação. E, assim que tivermos segurança sanitária poderemos retornar ao presencial. Mas tudo será definido até 31 de janeiro”, ponderou Zanin.